sábado, 4 de abril de 2009

Você




Você...

Quando digo que preciso de você, você sorri, debocha e sai. Mas o que eu quero dizer é muito mais profundo do eu mesma possa entender.

Ninguém muda ninguém, ninguém muda sozinho, nós mudamos nos encontros. Simples, mas profundo. Eu preciso de você.

É nos relacionamentos que nos transformamos. Somos mudados, transformados a partir dos encontros, desde que estejamos abertos e livres para sermos absorvidos e devolvidos pela idéia e sentimento do outro.

Você já parou para observar as pedras que encontramos nas nascentes dos rios? E aquelas que estão em sua foz ou nos lugares mais profundos das águas?

Nós somos como as pedras. As que estão na nascentes são toscas, pontiagudas, cheias de falhas. A medida que elas vão sendo carregadas pelas águas dos rios, vão sendo transformadas, a ação das águas, das outras pedras, da areia, vão polindo, lapidado, desbastando essas pedras.

Assim agem nossos contatos humanos. Sem eles, a vida seria monótona, árida, solo infértil. O mais importante nessa altura da vida, é constatar que não existem sentimentos bons ou ruins, sem a existência do outro, sem o seu contato. Viver sem me permitir um relacionamento próximo, profundo com o outro, é não crescer, não evoluir, não se transformar. É começar e terminar, nascer e morrer de forma tosca, pontiaguda, amorfa.

Hoje nesse dia eleito por mim, especial para reflexão, olho para o meu passado e reconheço em mim as marcas de pessoas que foram importantes no meu processo histórico. Contatos que fizeram de mim o que sou, transformando-me em alguém melhor, mais suave, mais leve, mais harmônica.

Nem tudo foi somente rosas, houveram espinhos também, trago as marcas deles, que precisam ser polidas. É necessário...

Trago no meu rosto os anos de experiência. Que não foram tantos assim. Mas segundo a poetisa "os poetas nascem velhos" acho que ela tem razão no que diz.
Ainda sou uma grande pedra, cheia de excessos, cheia de arestas. Outro dia ouvi um escritor que gosto muito dizer, "os homens de grande valor na vida, percebem que durante sua existência vão perdendo todos seus excessos e se aproximando cada vez mais de sua essência". Sendo polida vou ficando cada vez menor, menor... Quem sabe um dia serei inteiramente grande.

Quando finalmente, um dia quem sabe a humanidade puder aceitar que somos pequenos, ínfimos, diante da importância dos encontros, da grandeza e misericórdia de Deus, quem sabe assim poderemos dizer que somos seres humanos valorosos.

A beleza de um diamante bruto só é reconhecida após seu processo de lapidação. Somos constituídos essencialmente de amor. Ganhamos de Deus a capacidade de amar. Como amar é algo que teremos que aprender ao longo da vida. Ai estar o livre arbítrio. Deus nos fez livres. E ao nos livrarmos de nossos excessos, encontramos a nossa essência, nosso âmago, então poderemos brilhar, livres pela eternidade de nossa existência.

Durante muito tempo alimentei a idéia de que amar era ignorar os sentimentos ruins. Sofria ao sentir e provocar sentimentos ruins, Hoje sei que tudo faz parte da construção do amor. Somos contraditórios e os contrários se afirmam. É preciso se envolver, sem medo dos conflitos, pois é com eles que crescemos. Amamos.

Não acredito em outra maneira de descobrir o amor e sem ele a vida perde o sentido, não tem significado. Por isso digo: Preciso de você!

Dryca, 2009.

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